2022-06-10 - Montanhismo "Valle de Ordesa - Espanha"

Prometemos e fomos! 

ainda que com menos montanheiros do que os que estavam previstos, devido a impedimentos inesperados.

Foi uma semana fantástica, com exceção do calor acima do normal, mas nada que as magnificas cascatas e a altitude não atenuassem e nos fizessem relevar esse pormenor.

A viagem foi feita em 2 etapas, a primeira até Zaragoza e a segunda até à pequena e muito antiga povoação de Torla, no Vale de Ordesa - Pirenéus, onde montámos o nosso acampamento base “Camping Ordesa”.

Torla, a pitoresca povoação, a imensidão do maciço calcário de Mondarruego, o verde dos prados e bosques cerrados, o rio Ara que corria mais abaixo, limpou totalmente a nossa mente... chegámos ao paraíso!

O que restou desse segundo dia foi gasto num belo passeio turístico de reconhecimento, sobretudo das lojas de material de montanha!

Dia 3, pé no trilho, mais um treino antes do objetivo, a conquista do Monte Perdido.

O Parque Natural de Ordesa e Monte Perdido foi declarado património mundial pela UNESCO em 1997, agora imaginem como foi este trilho, nem demos conta dos km que fizemos…

Dia 4, resolvemos poupar as pernas, usámos a carrinha para conhecer/recordar outros locais magníficos em redor.

Dia 5, deixamos a carrinha no estacionamento de Pradera de Ordesa (1.320m) e partimos rumo ao refúgio de Goriz. Mais um trilho dos deuses, um frondoso bosque de coníferas, abetos, carvalhos, faias, entre outras, abençoado pela margem direita do rio Azaras, que nos oferece várias cascatas lindas, de água cristalina saltitante, a esculpir o calcário, formando piscinas deliciosas de um azul-turquesa deslumbrante, e gelada! 

Este trajeto fácil, a subir, mas sem demasiado desnível e por isso muito frequentado, termina numa queda d’água, a Cola de Caballo, (Cauda de Cavalo), onde nasce o rio Azaras, que fica numa pradaria rodeada por maciços impressionantes, o Circo do Soaso, a partir daqui começou a parte que já não é para todos, trepar até ao Refúgio de Góriz a 2.200m, o reino das marmotas.

Na cascata apresentaram-se duas alternativas, subir pela parte mais direta, técnica e difícil, pelas Clavijas de Soaso (subida vertical em rocha, facilitada pelas correntes e estacas colocadas, mas não recomendada a quem tem vertigens), ou alcançar o planalto por um caminho mais longo, em ziguezague, o Camiño de las Mulas. Decidimo-nos pelo segundo pois queríamos saborear a panorâmica magnifica, sem stress, acompanhados pelas amigas marmotas, camurças, grifos e águias-reais.

Uma vez no planalto, direção norte, gradualmente ascendente pela GR-11, até ao Refúgio e preparar o grande dia, a ascensão ao Monte Perdido a 3.355m de altitude.

Dia 6, a subida, agora sem a ajuda das marcas da GR, apenas mariolas. Mochila pronta, com crampons, piolet, bastões, capacete, boné, etc… e lá fomos trepar, trepar, trepar e trepar, com um sol radiante, calor, carregados que nem mulas, para nunca usar a maioria do material. Corrijo, 2 companheiros usaram por carolice na parte final do acesso ao cume, na La Cuspideira, os crampons. Que importa, chegámos ao cume!

Vendo bem, o São Pedro foi muito nosso amigo, a vista estava desimpedida, sem nevoeiro, vento, chuva, perfeito, mas tivemos que regressar. O degelo acontece cada vez mais cedo, os glaciares já não estão o que eram, neva pouco e o verão chega rápido, a neve que encontrámos já estava muito pouco consistente.

Soube bem voltar ao refúgio, que dia, dormimos bem, sabe-se lá porquê…

Dia 7, toca a fazer o caminho inverso até ao estacionamento e depois até ao parque de campismo, relaxar, arrumar a trouxa e dar mais um passeio, para recolher lembranças e saborear mais um pouco, já cheios de nostalgia.

Dia 8, a longa viagem de regresso, o tema das conversas foi, e para o ano? Fazemos o Pineta? E umas vias ferrata? E umas caminhadas no Canhão de Añisclo e nas Gargantas de Escuaín…

Quem sabe… queres vir? Prepara-te, treina connosco.