Decorreu de 24 a 28 de Abril a primeira caminhada / peregrinação a Fátima, organizada pelo CIMO – Clube Ibérico de Montanhismo e Orientação.
Inicialmente com dez inscritos, tivemos mais dois aderentes que, por motivos profissionais, realizaram apenas partes do trajeto global. A partir de Vila Franca de Xira juntou-se a nós uma caminheira solitária que ficou connosco até ao fim e que, sendo enfermeira de profissão, nos ajudou bastante a orientar e controlar as nossas mazelas físicas, especialmente no que se refere ao tratamento do desgaste nos pés.
Como quase todos habitam em Almada, decidimos simbolicamente fazer o percurso entre o Cristo Rei e Fátima, dois importantes polos do nosso universo religioso português, com a extensão de cerca de cento e sessenta quilómetros, divididos em cinco etapas, com término em Alverca, Azambuja, Santarém, Olhos de Água e Fátima.
Com base nas informações recolhidas, optámos por seguir a rota dos Caminhos do Tejo, com marcações no terreno entre o Parque das Nações e Fátima, num trabalho de colaboração entre a Associação dos Amigos dos Caminhos de Fátima e o Centro Nacional de Cultura. Esta nossa decisão baseava-se na indicação de que estes caminhos evitavam as grandes vias rodoviárias e circulando por entre os campos de cultivo, áreas rurais ou passando nas aldeias, permitiam um maior contato com a natureza, interagindo com as populações e possibilitando também uma deslocação mais descontraída, mais atenta aos companheiros em dificuldade, mais contemplativa e porventura mais reflexiva.
Apesar de nos terem sugerido em vários locais para seguir pela estrada, especialmente a N3, pelo que vimos e constatámos, a nossa opção é realmente a melhor. Pela estrada nacional até pode encurtar alguns quilómetros, mas o grande volume de tráfego, o reduzido ou nulo espaço para caminhar, só permitem uma deslocação em fila indiana, muito stressante e até perigosa, não deixando paz de espirito para apreciar os campos, falar com as outras pessoas ou mesmo meditar, pois o instinto de sobrevivência ao trânsito sobrepõe-se ao restante. Além disto, tivemos o privilégio de conhecer espaços paisagísticos muito ricos e belos, com destaque para a Serra de Aires, zona de Minde ou Olhos de Água, entre outros.
Quanto a alojamentos, esta opção também não traz problemas, pois desde os Bombeiros, Casas Paroquiais, Juntas de Freguesia ou particulares, tudo está apresentado nas informações da Associação dos Amigos dos Caminhos de Fátima que, em caso de dúvida estão disponíveis para qualquer esclarecimento ou ajuda complementar, pois são guardiões experientes deste património.
Na última jornada, a calma e a beleza da paisagem, bem como o sentir da aproximação do Santuário, deram o alento necessário para não desistir até lá. Foi uma chegada calma, mas com alguma emoção, numa junção com a mística do local.
Todos os nossos caminheiros manifestaram satisfação pela sua participação nesta iniciativa, tendo alguns expressado que ela fora muita significativa na sua vida, ficando certamente como uma referência inesquecível, em termos de experiência pessoal e social.